Marketing Sensorial
Aristóteles
dizia “Não há nada no meu intelecto que não tenha passado pelos meus sentidos”.
O
consumidor procura desfrutar do processo de compra através de uma experiência
memorável, e o valor que ele atribui não está presente no produto adquirido ou
na marca escolhida, mas sim na experiência que adveio do processo de compra.
O
marketing vai muito além da manipulação do preço ou da publicidade. As
experiências de compra dos consumidores e o ambiente envolvente afetam o
comportamento de compra. O preço e a publicidade, eram de facto as ferramentas
mais utilizadas para mudar o comportamento do individuo e consequentemente
aumentar as vendas. Mas vivemos hoje uma era onde os consumidores têm menos
tempo disponível e as vendas online ocupam uma posição cada vez mais
importante. É necessário, por isso, encontrar uma forma de nos diferenciarmos.
E essa diferenciação tem de se enquadrar com as novas necessidades dos
consumidores. É cada vez mais importante criar experiências onde o consumidor
possa viver momentos únicos (e diferentes), no momento da compra.
Suárez
& Gumiel (2012) acrescentam que estas experiências envolvem o Marketing Sensorial,
onde os estímulos são percebidos pelos sentidos: Visão, Tato, Paladar, Audição
e Olfato. Estes estímulos apelam ao sentido dos consumidores gerando um maior
valor para o cliente. Sarquis et al (2015) afirmam que o uso destas estratégias
sensoriais podem não só atrair novos consumidores, como também fortalecer o
relacionamento marca-consumidor. Pode também ser a estratégia de diferenciação em
relação à concorrência.
O Marketing
Sensorial nasceu na psicologia, comportamento do consumidor e da sua
experiência enquanto cliente. Esta experiência é uma interação/troca de
estímulos entre a empresa e o comprador. É maioritariamente pessoal, subjetiva
e individual e desperta emoções no consumidor resultantes dos estímulos
sensoriais gerados pelas marcas. Existem várias abordagens sobre o Marketing
Sensorial, mas no fundo esta componente do marketing é a utilização de um
conjunto de estímulos, com base nos 5 sentidos, para influenciar a perceção,
avaliação e comportamento do consumidor, criando ambientes onde o impacto
emocional seja capaz de incentivar certos comportamentos ou atitudes em relação
à marca. Tem “como ponto de partida a mente do consumidor e seus sentidos”. (Sarquis et al, 2015)
López-Rúa (2015) explica que o objetivo do Marketing
Sensorial é que o consumidor reaja de acordo com os seus impulsos e emoções e
não através da razão. Explica ainda que o que move o ser humano é a emoção e
não a razão. Por isso o Marketing Sensorial coloca as experiências e os
sentimentos vividos pelos consumidores no centro de todo o processo. Quanto
mais sentidos se associar à nossa estratégia mais a experiência do consumidor
vai ser afetada.
Para as
empresas se destacarem é necessário fazer com que os indivíduos identifiquem a
marca sem ter de mostrar o seu logótipo, para isso é necessário permanecer na
memória do consumidor.
Os 5
sentidos no Marketing Sensorial, explicados por Sarquis et al (2015) e Suárez
& Gumiel (2012):
Visão: O
sentido mais utilizado em marketing. Os produtos com um visual sedutor,
conquistam mais facilmente o interesse do consumidor e prendem a sua atenção por
mais tempo.
“80%
da comunicação humana acontece de forma não-verbal e a visão tende a facilitar
a comunicação humana, a interpretação de pensamentos e a compreensão de perceções,
atitudes e comportamentos pelo consumidor”.
Audição: “Os estímulos
auditivos fazem conexão direta com os circuitos emocionais do consumidor e
evocam respostas afetivas e comportamentais, como aproximação, afastamento e
permanência no ambiente”
Usando
o exemplo da música: O ritmo desta afeta a perceção do consumidor, ou seja, quanto
mais lento o ritmo mais as pessoas tendem a permanecer no ambiente e quanto
mais rápido mais ativo/energético é o movimento das pessoas.
Olfato: “O
olfato é o sentido que gera o maior nível de memória e evocação”. Isto acontece
porque os cheiros percorrem um caminho muito curto até chegar ao sistema
límbico (localizado na parte inferior do nosso cérebro e responsável pelas
emoções e memória. Está diretamente conectado à amígdala – responsável pelas
emoções e ao hipocampo – responsável pela memória)
Ao
estar profundamente ligado com a memória de longo prazo, reforça a fidelidade
do cliente, permitindo não só lembrar momentos, mas também emoções.
“O ser
humano é capaz de distinguir entre vários tipos de perfumes e que tem na
memória mais de 1.000 diferentes genes que decodificam o aroma”
Paladar: “Quando
associado a outros sentidos sensoriais, o paladar tem o poder de criar
experiência ao cliente marcante e potencializar outras estratégias da marca”
Tato: O toque
tem uma importância extrema para o ser humano. Ao tocar os consumidores sentem-se
mais confiantes em relação ao produto. Sente prazer e dá, ao consumidor, a
oportunidade de experimentar e agarrar o artigo, conferindo-lhe a sensação de que
o objeto em causa lhe pertence, mesmo antes de o adquirir.
“No
caso da mãe, o toque é mais importante para o filho do que a própria nutrição e
pode contribuir para acalmar e diminuir a pressão arterial.”
Sabe-se que:
- "83%
das campanhas são voltadas para os olhos e apenas 4% dos recursos de marketing
são direcionados ao olfato, paladar e toque."
- A
visão é o mais importante com 58%, seguido do olfato com 45%, audição com 41%,
paladar com 31% e toque com 25%.
- Com
efeito, na comunicação da marca, os apelos sensoriais tendem a despertar
sensações/emoções mais fortes e a permanecer por mais tempo na mente do
consumidor (Sarquis et al, 2015)
Concluindo, “Uma boa experiência de compra facilita a fidelidade. […] Portanto, bom marketing sensorial é aquele que é capaz de fazer desabrochar emoções, aquele que dá uma visão mais transcendente da marca e que torna a compra um ato lúdico e atraente” (López-Rúa, 2015).
Referências
López-Rúa, M. d. (2015). Persuasión a través del marketing sensorial y
experiencial. 31(2), 463-478. Maracaibo, Venezuela: Opción -
Universidad del Zulia.
Ortegón-Cortázar, L., & Rodríguez, A. G. (Julio -
Septiembre de 2016). Gestión del marketing sensorial sobre la experiencia del
consumidor. Revista de Ciencias Sociales (RCS), XXII(3), 67-83.
Sarquis, A., Glavam, A. K., Casagrande, J., de Morais, A.,
& Kich, M. C. (Agosto de 2015). MARKETING SENSORIAL NA COMUNICAÇÃO DE
MARCA: UM ENSAIO TEÓRICO. Revista Brasileira de Gestão e Inovação , 2(3).
Suárez, M. G., & Gumiel, C. G. (Março, Abril de 2012).
Marketing sensorial. Cómo desarrollar la atmósfera del establecimiento
comercial, pp. 30-39.
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